Crônicas de Mauricio

Crônica 53 - "Do Contra... mas nem tanto"





                                                       

Mauricio, meu caçula, veio com algum circuito diferente, e deu no que deu: o personagem "Do Contra". Mas não pense que ele se posiciona contra a ordem estabelecida. Não.
Ele simplesmente vê todo mundo fazendo uma coisa do mesmo jeito e tenta outro caminho. Experimenta diferente.
Começou cedo. Quando os irmãos Marina e Mauro (mais velhos) eram ainda servidos na boquinha, ele brigava com os talheres e com a própria motricidade para levar o alimento à boca sozinho.
Quando era hora de escolher roupinhas, ia para cores e modelos inusitados. Tudo preto, para variar.
Em casa, todo mundo é são-paulino. Menos ele: corintiano roxo, desde que aprendeu a identificar os times. Mas se ficasse só na torcida, tudo bem. Só que ele vinha de uniforme, bandeirolas, apitos e faixas, gentilmente oferecidos pelo "seu" Pessoa, segurança da casa.
Mauricio, provavelmente, foi o único brasileiro que torceu a favor da Rússia no jogo de classificação para a Copa do Mundo de 1994.
Depois, no final da Copa, eu e a família toda, estávamos no Estádio Rose Bowl, em Los Angeles, torcendo para o Brasil, jogo difícil, vencido por nós nos angustiantes pênaltis. A torcida de pé, acompanhando cada lance... menos eu. Justo ali, Mauricio "resolveu" dormir... no meu colo. Eu só ouvia o grito da torcida, imaginava o que poderia estar acontecendo... com o único dorminhoco do estádio me impedindo de levantar e vibrar, como todo mundo.
Daí veio o "terrível" passeio ao Everglade, zona de pântanos, próxima de Miami. É daquelas experiências que se passa só uma vez na vida.
E quando nos deram aqueles chumaços de algodão para enfiarmos nas orelhas, no início do passeio, eu já devia ter desconfiado. Mas quando ligaram os motores e aquelas enormes pás começaram a girar como hélices de um avião ao lado das nossas cabeças, pensei em desistir. Não dava mais. Tinha que proteger os meus ouvidos e os ouvidos do Maurinho (outro filho), enquanto que Alice, minha esposa, desesperada com o barulho, usava as mãos para proteger os tímpanos da filha Marina. Ao lado, impassível, Mauricio apreciava, tranqüilo, a paisagem monótona e repetitiva.
Ainda bem que houve ida e volta.
Pisamos no chão firme meio zonzos, jurando nunca mais experimentar aquele desconforto.
Foi quando Mauricio chegou até mim e pediu para repetirmos o passeio.
Quase apanhou dos irmãos.
Hoje, Mauricio já mudou um pouco (aos oito anos), faz experiências com insetos, pequenos animais e reações químicas por toda a casa.
Às vezes, ainda assusta algum desavisado. Mas já nos acostumamos com sua maneira curiosa de ser curioso. Para ele, qualquer fato, qualquer ato, tem outro lado para ser descoberto e observado.
Essa sua característica, às vezes, lhe traz alguns problemas na escola, onde todo um grupo tem que caminhar para um mesmo lado ou solução. Mas temos tentado minimizar eventuais conflitos curriculares com permanente contato de "pais e mestres".
Com certeza, nosso "Do Contra" vai nos surpreender sempre. E vai continuar sendo, para nós, pais, uma satisfação acompanhar suas "expedições" em busca do inusitado, do não falado, do desconhecido.
Eu devia ter desconfiado que ele seria assim, observador, desde o dia em que, do meu colo, mal sabendo falar, num vôo para Miami, observou as nuvens lá em baixo, o céu azul escuro mais acima, olhou para mim meio espantado e disse: "O céu caiu!"
Ou meses antes, ao passarmos de carro por imensos canaviais, a caminho de Piracicaba, quando veio aquele cheiro forte e horrível do vinhoto da cana, me encarou sério e exclamou: "...Fazi pum!"


 
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Crônica 55 - "Nimbus o bom"






Sabem aquela nuvem escura, pesada, que anuncia chuvas fortes, com ventos e até granizo?
Pois é! Chama-se cumulus-nimbus.
Os comandantes dos grandes aviões desviam-se dela como o diabo da cruz.
Aviões pequenos nem decolam se uma nuvenzona dessas está por perto. E quando ela desce, vem com tudo. Com ventos, água e sustos.
Foi durante algumas dessas tempestades que se abateram sobre minha chácara, na zona rural de Caçapava, que eu vi como meu filho Maurinho, com poucos anos, ainda se assustava com a chuva e a correria que armávamos para fechar guarda-sóis, janelas, guardar redes, almofadas...
Às vezes éramos pegos de surpresa pelo pé-de-vento que antecede as grandes tempestades. Daí era aquela correria, com vigorosas ordens de comando para salvarmos objetos ameaçados pelo aguaceiro e fecharmos a casa.
E o Mauro assistindo a tudo aquilo, assustadinho.
Quando começou a falar frases inteiras, já veio com perguntas sobre se ia chover, se aquela nuvem que vinha chegando era de chuva forte...
Em seguida, já se interessava por saber o que era o raio, o trovão, as inundações provocadas pelas tempestades, os furacões...
Daí foi passear com a família em Miami.
Ali, enquanto os irmãos viam desenho animado na televisão, ele queria ficar assistindo ao canal do tempo, perguntando sobre tudo o que aparecia na tela.
Nos anos seguintes, continuou com a mesma curiosidade. Não tão exclusiva quanto ao tempo. Interessa-se hoje, por várias outras coisas como desenho e piano, por exemplo. Quando a criançada brinca de teatro, é o ator mais expressivo.
Mas do seu tempo de candidato a menino do tempo, nasceu um novo personagem para a "Turma da Mônica": O Nimbus, irmão do "Do Contra".
Nas histórias, Nimbus mostra sua face "meteorológica": preocupa-se com o tempo, com as nuvens, com a chuva ou tempestade...
É quase um serviço de previsão de tempo ambulante, para satisfação e segurança do Cascão. Que bem por isso, adorou a chegada do novo vizinho.
Mas o Mauro tem outra característica que estou me preparando para incorporar ao personagem, juntamente com o lado da previsão do tempo: ele cativa com simpatia e gestos quem quer que lhe chegue perto. Além de ser um mão aberta dos maiores.
Se deixarmos, leva presentinhos para os colegas de classe todo dia. Principalmente para as coleguinhas.
Mas o que são esses presentinhos? Simplesmente suas coisas e brinquedinhos próprios. Precisei conversar algumas vezes com ele para atenuar esse seu lado "distribuidor".
Mas ele crescerá assim, com os olhos buscando bom tempo, com os dedos no teclado do piano ou do computador procurando sons e formas e com o coração espalhando amor.







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Crônica 62 - "A cadeira da Marina"






Minha cadeira já tem dono.
Aliás, tem dona.
Mais precisamente uma "doninha".
E para minha satisfação, ela se chama Marina e é minha filha.
Mas a Marina nunca me enganou. Desde os primeiros anos de vida já demonstrava um temperamento alegre, extrovertido, curioso e participante.
Nada fugia à sua observação. E após um pequeno estudo, ela saía imitando qualquer pessoa, ou comentando o que vira, à sua maneira.
Ela recebeu o impacto da era de ouro da Xuxa na TV. Em casa era a Xuxa, com microfoninho na mão, dançando, cantando e apresentando seus convidados: que podiam ser seus irmãos menores, o gato, o cachorro ou um objeto qualquer.
Mais crescidinha, aprendeu a ler na minha agendinha Casio 4000, aos quatro anos.
Desde então, não parou de ler. Principalmente as revistinhas da Turma da Mônica.
Mas no que lia, também queria criar.
E tome historinhas desenhadas por ela, nestes anos todos, com direito a criação de seu próprio universo de personagens.
Mas não fica por aí. Ela estuda (e toca muito bem) piano, nada com técnica desde pequena, e domina o computador, principalmente os programas "print-studio".
No seu quarto, cheio de lembrancinhas, uma bela coleção de Barbies, que penso vai parar por aqui. Afinal, Marina já está mocinha, com doze anos.
Quando saí para minha última viagem ao exterior, ela me lembrou que eu não precisava mais lhe trazer bonecas. Agora ela prefere vestidinhos.
Está mudando.
Menos no gênio, no temperamento, que ela usa a mil quando dirige seus filmes. Aí vira uma diretora durona, mandona, perfeccionista.

Convoca os irmãos, amiguinhos, quem estiver por perto, para suas "produções" cinematográficas em vídeo.
O irmão Mauro (Nimbus) tem se revelado um ator de primeira em suas mãos.

Mas o caçula Mauricio (Do Contra) se rebela e abandona o "set" quando a diretora fica mais exigente e braba. É um custo trazê-lo de volta. O que nem sempre se consegue.
Daí a Marina termina o filme sem ele, mesmo.

Reescreve o "script", reforma cenários, imprime convites, marca horários das apresentações, cuida do figurino (improvisa com o que encontra em casa) e ainda participa como atriz, se encontra outro "camera-man" de confiança para ajudá-la.
Fora os filmes, arma peças de teatro com o mesmo empenho e arte.
Geralmente, na minha chácara.
Passa o dia escrevendo, criando cenários e ensaiando.

À noitinha, chama todo mundo para ver a peça, encenada no quarto principal da casa, bem grande, que tem grandes portas de correr e cortinas, que dão para o pier da piscina. Dá para toda uma boa platéia se acomodar e observar, também ali, a evolução da artista-diretora, mais seus atores, à medida que o tempo passa e a turminha adquire mais desembaraço e técnica.
É linda! (e que filho não é, para os pais?).
Ela desenha muito melhor aos doze anos do que eu desenhava com essa idade.
Tenho muitas cadeiras para os meus sucessores nas diversas áreas em que atuo. Mas aquela determinada cadeira onde eu sento para escrever, criar, desenhar, soltar meu espírito rumo aos planos e sonhos, ah, essa cadeira é da Marina, que inspirou o personagem e também me inspira tantos planos e sonhos... com ela.



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Crônica 63 - "Magali, Magali..."






Um dia olhei para esta criança linda e criei a Magali.
E o mundo ficou mais alegre e eu mais feliz.





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Crônica 64 - "Disney, crianças e a língua universal"






Brinquei, uns dias, nas terras de sonho do Disney, junto com milhares de pessoas, entre as quais uma penca de brasileiros alegres e bonitos.
Entre um brinquedo e outro, lanchinhos e refrigerantes sob um sol quente de céu azul.
No fim do dia, umas chuvinhas boas para refrescar. Respingos do furacão distante — o Danny — lá no Alabama.
Mas o mais gostoso era a sensação de grupo, de família, de tribo. Com direito a ainda passear segurando a mão dos meus três filhos menores, quase adolescentes.
Marina, com a amiga Ester ao lado, já quase mocinhas, brincando ainda como criança.
O Mauro (Nimbus), fortão, com seu corpo de onze anos, participando de tudo e querendo mais.
O caçula Mauricio (Do Contra) ainda com medinhos de infância, não quis ir no elevador que cai. Explicou que a queda não o assusta, mas aqueles fantasmas que surgem antes é que lhe tiram o sono, à noite. Prefere não ver de novo (já foi no ano passado).
O dia não acaba nunca, neste verão americano. Você se distrai e já são nove, dez da "noite". Com os restos de sol.
Os pés avisam que é hora de parar para um período de recuperação, porque amanhã tem mais.
E tome parque. Com barquinhos, carrinhos, trenzinhos, levando-nos de volta às fantasias e emoções do movimento. Com os personagens Disney surgindo, simpáticos, solícitos, a cada canto dos caminhos.
Mas hoje podemos deparar com outros personagens importantes no "reino": o pessoal que nos atende, nas lojas, nas bilheterias, nas catracas, nos serviços de rua. Bem preparados, como sempre, mas com características que eu não notava nos primeiros anos. Há uma bela e democrática mistura de raças e tipos para receber as diversas etnias que afluem aos parques.
Muitos já falam outros idiomas além do inglês e notei muitos funcionários se esforçando para entender e falar nosso português brasileiro. Até avisos em nosso idioma começam a surgir aqui e ali.
Após aquele desastrado vídeo preparado pela Disney no ano passado, onde os brasileiros eram unificados como arruaceiros, há um evidente esforço para uma coexistência mais tranqüila entre nossas culturas diferentes, tanto por parte das equipes de atendimento americanas, quanto pelo esforço das agências brasileiras de viagens e seus incansáveis guias.
Afinal, a cada ano, enviamos mais de cem mil dos nossos filhos para essa visita.
Nossos filhos, conforme nossos bons hábitos brasileiros, só vão a casa de amigos, onde temos certeza de que serão bem tratados.
Não posso deixar de pensar que um dia poderemos, também, estar recebendo na "nossa casa", a criançada do mundo. Temos tudo para isso: maravilhas naturais, um povo acolhedor, bom clima, moeda estável e até parques temáticos.
Preparemo-nos.http://www.blogger.com/page-edit.g?blogID=4642673067899230926
Crônica 109 - "A magia dos filhos"







Meu filho Mauro virou mágico.
É um sarro assistir às suas sessões, ainda amadorísticas, mas onde quase tudo já acontece como se espera. As moedas somem ou trocam de lugar, os dados dão o número sugerido, a carta de baralho que escolhemos sem ele ver é a mesma mostrada em seguida, a água entornada no jornal dobrado vai pra algum lugar misterioso e depois retorna... e assim por diante.
Ao seu lado o assistente Mauricio, que não quer ser chamado assim. Exige ser chamado de mágico, também. E para minha surpresa, vem com as mesmas habilidades do irmão.
Afinal, nas últimas viagens que fizemos pelos Estados Unidos, o que eles compraram de livrinhos e brinquedos ligados a truques de magia não foi brincadeira.
Estudaram e estudam a fundo essa nova "atividade".
De vez em quando, em apresentações para a família, convidam a irmã Marina para ser assistente.
E Marina faz bem o papel, com um sorriso pregado no rosto o tempo todo, emoldurando o show dos irmãos com gestos bem femininos e teatrais.
Mas quando não estão brincando de mágicos, estão brincando com música.
E o velho piano da sala é disputado para se ver quem toca melhor, mais rápido ou afinado. E a cada nota errada, é uma sessão de xingamentos onde, às vezes, tenho até que intervir.
E a casa é inundada por valsinhas dos primeiros livros, passando pela Rapsódia Húngara e terminando nas belas composições, bem brasileiras, de Caetano, Toquinho ou Dorival Caymmi.
Mas quando o piano ou o teclado que fica ao lado já não atendem à ânsia musical dos três, eles sobem aos quartos e iniciam belos "recitais" de flautas.
Sua passagem pela escola musical CLAM, do Zimbo Trio, está, realmente, dando lindos resultados.
Mas nem só truques e música ocupam o tempo das crianças: Marina continua desenhando maravilhosamente para sua idade, seguida, agora, pelos meninos que descobriram os super-heróis. E tocam a criar os mais estapafúrdios heróis ou vilões, já com traços bem firmes. As historinhas ainda são toscas, preferem exercitar mais o desenho, mas estão repetindo as mesmas buscas que eu tive, com suas idades.
E enquanto os observo, é como que se mel saísse dos meus olhos, de satisfação, de prazer e de amor.
Amor e admiração, quando se juntam com amiguinhos, sob a direção da Marina, aprontam shows onde dublam "Spices" e "Back Streetboys", ou quando sacam dos computadores belíssimos trabalhos gráficos supercriativos.
Lindos, explodindo de alegria e energia, são um vendaval de entusiasmo por onde passam.
E o que me dá mais satisfação e me enche de otimismo e esperança é notar que as crianças que convivem com meus filhos também estão nessa voracidade de viver e aproveitar desta época de descontração e camaradagem com os pais.
Vêm aí novos tempos com o toque mágico das crianças de hoje.
E sem dúvida serão tempos tocados com a magia da inteligência, da sensibilidade e da harmonia.










Pois as crianças falam a língua universal da alegria e irão nos devolver, no próximo século, o carinho e cuidados que lhes dermos hoje.




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Crônica 134 - "O primeiro banho do Cascão"





Mauricio de Sousa pede-nos que republiquemos um antigo texto seu, publicado pela primeira vez em 31 de julho de 1983, na folhinha de São Paulo.
Essa crônica foi escrita num tempo em que as chuvas castigavam o Sul do país.
Tudo tem uma primeira vez.
E o Cascão sentiu que era chegado o momento.
Ele havia escapado de banhos, chuvas e respingos por toda vida.
Mas hoje, por sua própria vontade, enfrentaria o sacrifício. Venceria o medo e entraria na água.
Engoliu em seco (é lógico) enquanto se preparava psicologicamente. Lembrou-se das inúmeras vezes em que escapou das armadilhas preparadas pela Mônica, pelo Cebolinha, até por sua mãe, que tentavam pegá-lo para o primeiro banho.
Jamais conseguiram.
Foi preciso que acontecesse algo mais forte do que uma coelhada da Mônica para se decidir.
E hoje ele já está pronto para o primeiro banho e para uma ação mais nobre.
Devagarinho, tateando com o dedão. Depois sentindo a água, sensação desconhecida, até os tornozelos. E em seguida, com água até a cintura, lá vai o Cascão, com uma trouxinha de roupas e biscoitos, em direção às crianças assustadas, ilhadas pela enchente de Santa Catarina.



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Crônica 135 - "O orelhão do Cascão"





Noutro dia falei do primeiro banho do Cascão (na crônica "O PRIMEIRO BANHO DO CASCÃO"), quando ele superou seus terrores e temores à água e enfrentou uma enxurrada para socorrer crianças ilhadas em Santa Catarina.
Teve também o lance dele concordar em lavar as mãos, depois de ir ao banheiro, numa campanha de um hospital de Curitiba.
E não podemos esquecer que ele parou de ir brincar no lixão. Além de perigoso, era um mau exemplo.
Cá pra nós, o velho sonho de todos nós (?) ou pelo menos da mãe do Cascão, que é o de vê-lo embaixo do chuveiro, está pintando por aí.
Mais dia, menos dia...
E ainda tem aquela promessa do próprio Cascão: no dia em que o Rio Tietê estiver limpo, com peixinhos nadando, ele entra na água e dá um show.
Mas... enquanto isso?
O que podemos esperar de um menino tão simpático, tão esperto, cujo único e grande defeito é fugir do banho?
É só acompanhar suas peripécias nas revistas que já teremos pistas: Cascão é um amigo de todas as horas, mesmo durante os angustiantes planos infalíveis do Cebolinha, onde ele, infelizmente, fala o que não deve e provoca e recebe coelhadas.
Noutros bons momentos, adora criar seus próprios brinquedos e ainda conserta os dos amigos.
Enfim, tirando o pavor à água, o Cascão é adorável, principalmente com o vento contra.
Mas ele recentemente se engajou em outro movimento legal: adotou um "orelhão" que a Telefônica instalou numa esquina próxima de sua casa, bem ao lado do campinho.
E não é pra menos.
Pelo telefone, ele e a turminha se comunicam com outros amigos, com a família, e até já houve o caso em que um amiguinho dele se machucou numa queda no campinho e o telefone serviu para eles pedirem socorro, mais rapidamente.
Hoje, o Cascão diz que é o "guardião" do "orelhão", pra ninguém chegar lá e quebrar o aparelho ou arrebentar o fio.
Mas não é só o Cascão, não. A turminha toda está nessa: o Cebolinha que adora amolar a Mônica até pelo telefone; a Magali pra pedir pizzas durante os jogos; o Franjinha pra trocar idéias com seus amigos cientistas; a Mônica pra avisar a mãe sobre onde está e o que está fazendo, além de dar uns toques tímidos, via telefone, para o Reinaldinho...
Enfim, o orelhão conservado e atuando, é uma tranqüilidade para todos. Até nos momentos intranqüilos, como aconteceu recentemente, durante as chuvas. Se não é o "orelhão" para "segurar" o Cascão, grudado no aparelho, como ele iria chamar os bombeiros para conseguir sair de lá sequinho?



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Crônica 138 - "Quem quer trocar de mãe?"



Troco minha mãe por qualquer outra que:

- Não me obrigue a acordar cedo;
- Não insista tanto para que eu escove os dentes ou tome banho;
- Não exija que eu coma tudo, até limpar o prato;
- Não escolha TUDO o que eu devo vestir;
- Não fique perguntando como vou na escola;
- Não me proíba de ter bichos em casa;
- Não fique podando minhas melhores aventuras (equilibrar-me em cima do muro, subir no telhado, andar de bicicleta no meio do trânsito);
- Não me encha de xaropes e comprimidos a cada doencinha que eu tiver;
- Não me leve pra tomar tudo quanto é vacina que inventam;
- Não me proiba de ver tudo na televisão até a hora que eu quiser;
- Não se meta nas brigas que tenho com meus irmãos ou colegas;
- Não ameace chamar o papai quando eu estou passando dos limites;
- Não me venha, toda hora, com aquele olhar meigo e carinhoso que desconcerta a gente;
- Não me dê aquele doce beijo de boa noite que me amolece todo e me obriga a dormir gostoso, logo em seguida, a noite inteira;
- Não demonstre tanto amor por mim, porque não sei devolver tudo que ela me dá;
- Não me acompanhe, mesmo de longe, a vida inteira, porque nem sempre vou estar pensando nela;
- Não me falte, quando já estou me acostumando com essas suas manias todas;
- Não me deixe... nunca.

Ass.: Todos os meninos do mundo


("anúncio" inédito escrito em 2 de junho de 1991).
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Crônica 203 - "A Festa da Marina"




No começo, Marina nem queria a festa dos quinze anos. Depois foi sendo convidada para algumas comemorações de amigas da mesma idade e começou a pensar diferente. Passou a aceitar a idéia de uma festa, um baile, com toda a pompa e circunstância que a ocasião sugere.
E com atraso de alguns meses, por conta, inclusive de salões de festas com agendas lotadas, os 15 anos de Marina serão comemorados neste sábado.
Mas para chegarmos à festa, planejada nos mínimos detalhes, imagine-se o trabalho, os cuidados estratégicos, ensaios, discussões, reuniões com especialistas em cada área de apoio. Inclusive com um gostoso ensaio de dança na semana passada. Afinal, os 15 casais de jovens que receberão a debutante no meio do salão não estão familiarizados com os passos e revoluteios de valsas vienenses. E as tais valsas são essenciais para o momento da apresentação da aniversariante. Com direito a que todos valsem junto, logo depois.
Sem esquecermos de que Marina acompanhou tudo de perto, cortando e sugerindo coisas. Às vezes para contrariedade dos pais, acostumados com algumas formalidades que ela simplesmente vetou.
Afinal, a festa é dela... e para ela.
E enquanto a família se movimenta nestas vésperas da comemoração para preparar vestidos, alugar smokings, encontrar aquelas abotoaduras guardadas não sei onde, me coube uma agradável pesquisa nos meus arquivos de vídeos familiares. Ali fui buscar momentos bonitos, interessantes, da vidinha da Marina, desde bebezinho até os dias de hoje para compor um clipe a ser mostrado nos telões do buffet, antes das valsas.
Revivi, gostosamente, os últimos quinze anos da vida da família.
Difícil foi escolher. Tudo era lindo, cheio de vida e de descobertas.
E me coube, também, escrever o texto que será lido quando da entrada da Marina no salão, com a melodia Ameno, do Conjunto Era, de fundo (naturalmente música escolhida pela Marina).
Faça de conta que está lá, ao meu lado (como está neste momento), e brindemos...

MARINA NOS 15 ANOS
Menina, moça, mulher...
É Marina.
Desfilando quinze anos de juventude, beleza e personalidade.
Tanta coisa para ver e viver daqui pra diante.
E tanta coisa já vivida com pais, irmãos, amigos e amigas.
Parece ontem... Marina chegou, toda risonha, feliz, rechonchuda...
Ensinou-nos como amar uma criança linda, espertinha.
Como acompanhar e entender seus desejos, sentimentos.
E como respeitar sua personalidade.
Veio vindo para os dias de hoje... deixando um rastro de energia, de inteligência, de sensibilidade que nos enchem de orgulho e felicidade.
E ao mesmo tempo nos desafiam, como pais, a sermos confiantes, companheiros, protetores...
Marina de mãos mágicas na busca de formas e poesia.
Marina de voz firme para mandar, mas suave para acarinhar.
Marina de espírito nobre e bondoso....
Menina cheia de idéias e planos... que se transformam e transbordam.
O que era ontem serviu de base para o que é hoje. E o momento agora é a véspera do amanhã intuído e aguardado com ansiedade e segurança.
E o tempo dos 15 anos envolve Marina com uma aura de momentos felizes, conquistas espirituais, ternura para com seus entes queridos.
Vamos, neste momento, repartir com Marina um pouco dessa sua felicidade, desse encantamento que ela nos traz, que nos envolve.
Vamos brindar com ela o momento mágico da transformação.
Da menina-moça em mulher.
E a Marina neném, menininha aprendendo a andar, a falar (e não parou mais), menina descobrindo as letras, as formas, a música, convivendo com os irmãos, os coleguinhas de escola, a Marina filha carinhosa, às vezes tímida, às vezes extrovertida, a Marina que cresceu e se embelezou está aqui, agora, reunindo-nos para festejarmos juntos este momento inesquecível.
Com vocês... para nossa alegria e felicidade...
Marina... aos 15 anos.


11.08.2000  
 
 
Crônica 204 - "A festa foi linda..."








Tudo aconteceu como foi planejado e sonhado. Com umas pitadinhas a mais de emoções e novidades. Pra melhor.
Marina, como eu esperava, estava linda, nos vestidos desenhados para a grande noite dos seus quinze anos.
Os salões estavam decorados com elegância e bom gosto. Os convidados - cerca de quatrocentos - compareceram a caráter, auxiliados pelo frio da noite que permitia mais elegância e casacos de peles.
Alguns cuidados preliminares com a escolha e dosagens de bebidas evitaram problemas de fígado ou sociais entre os mais jovens e afoitos. Os fotógrafos e a imprensa se integraram mais como convidados do que como profissionais entrões. A seleção musical que emoldurou a festa durante todo o tempo - com o dedo da Marina - estava totalmente adequada ao ambiente, aos convidados, ao tempo que vivemos. O serviço de buffet foi impecável com atendimento idem.
Marina, depois de receber à porta, junto com seus pais, deu uma sumida, trocou de vestido e logo após surgiu, resplandecente, no alto de uma escadaria ornamentada com flores e luzes. E ao contrário do que temia, não tropeçou na descida.
Mas afinal, para qualquer coisa eu estava ali, bem no alto da escada, para recebê-la rodeados por violinistas e conduzi-la ao centro do salão para a primeira valsa. E falando em valsa, para minha surpresa e satisfação, todos dançaram muito bem, inclusive meu filho Mauricio, que até os ensaios ainda teimava em dar uns passos muito duros, de um lado para outro.
Foi um deslumbramento.
Com a Marina apagando velinhas de um bolo triplo, ao lado dos irmãos mais novos. Do outro lado, os outros irmãos aplaudiam (podiam ter ficado ao lado da irmã nesse momento - única falha do cerimonial).







Ah! Houve choro, sim.

Não meu, que me contive, não sei como, principalmente na hora da leitura do texto que recebia a Marina no alto da escadaria.
Mas alguns convidados, homens e mulheres, não se contiveram.
E pelo menos duas das convidadas, mães de meninos, se queixavam de que não poderiam repetir uma festa assim porque não tinham filhas mulheres.
A noite se estendeu, sem que percebêssemos o tempo passar, com muito "techno" e algazarra gostosa dos jovens até quando o sol começou a iluminar os grandes janelões do buffet.
Era hora das despedidas compridas... com gosto de quero ficar mais um pouco.
E até que muitos ficaram mais um pouco.
Com pais que tinham sido mandados de volta (alguns vieram pelo meio da madrugada buscar seus filhos, que pediram algumas horas a mais) e retornavam, ao amanhecer, com cara de sono.
Saí de lá depois de despachar os últimos garotos e com sol no rosto, sem sentir cansaço, feliz com a noite linda, cheio de imagens e lembranças que nos acompanharão para sempre.
Marina merece. Todos seus amigos também. E nós, seus pais, estamos felizes por presenteá-la com estes momentos de alegria com os convidados e união com a família.
Valeu. Como tudo o que fazemos com os filhos e para os filhos.





Veja mais fotos do Aniversário
(clique na foto para ver em tamanho grande)




18.08.2000

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Acabou e o que vocês gostaram?
Bjoss .:Elyn:.


 
 



 
 

3 comentários:

  1. Adorei! Deu para conhecer melhor o Maurício (DC), Mauro (Nimbus e seu desenvolvimento de menino-do-tempo para mágico) e a Marina. Os vestidos são os mesmos que aparecem nas revitas 26, 27 e 28 da TMJ.
    Beijos!
    Amei!

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  2. Que bom que vc acha isso obrigada :D Continue lendo :D

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